segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Devaneando pela manhã...

É difícil pensar na razão por que se quer morrer, todas as tristezas se misturam em uma confusão de lágrimas e dores que parecem não vir da própria alma. Por todo lado surgem olhares reprovadores, você é nova demais, eles dizem, você não tem problemas reais, você não passa de uma mimada que não ganhou o pônei que queria no Natal. Não existe maneira certa de explicar, as pessoas nunca vão entender, não importa o quanto sua dor seja real, não importa o quanto sua alma sangre as pessoas nunca entendem que a dor da alma mata mais lenta e dolorosamente do que qualquer outra, e que o pior de tudo é que você não consegue amenizá-la com anestésicos.
Eu ouço as pessoas dizendo que eu preciso ser forte, que eu não posso me deixar abater, que eu preciso me ajudar que eu não tenho motivos para estar doente, mas eu estou. As pessoas dizem que eu não devia tomar esses remédios, que eu devia ter força de vontade pra melhorar, mas elas não sentem o que eu sinto, elas não sabem como é sentir milhares de sensações que me rasgam a alma, sentir frio e calor e dor e raiva e apatia e sono e insônia e solidão e querer ficar sozinha e estar presa e querer chorar e querer parar de chorar e medo e dor, muita dor. Apesar de saber que os remédios vão me deixar levemente entorpecida não existe outra forma, eles me mantém inteira, eles remendam os pedaços de mim e me fazem parar de sangrar, levam embora a vontade de cortar os pulsos e deixar o sangue que afoga minha alma escorrer para o chão.
Eu tentei fingir que nada estava acontecendo, que se eu fosse forte o bastante tudo ia passar, era só uma fase, mas tudo que eu consegui foi perder um dia inteiro, eu me lembro de deitar pra dormir depois de tomar todos aqueles comprimidos e depois nada, quando acordei, sentindo gosto de borracha e sentindo como se fosse feita de plástico ao tocar minha pele, descobri que tinha passado um dia inteiro dormindo e que era o dia seguinte já. E a única coisa que me perguntaram é se eu estava tentando chamar atenção, minha família achou que era tudo pra ter atenção, não levaram a sério, acho que ainda não levam.

Eu sei que dói, vai continuar doendo, tudo que eu posso fazer é amenizar a dor pra tentar continuar vivendo...

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